CONFÚNCIO E AS ARTES MARCIAIS - FILOSOFIA
A escola filosófica inaugurada por Confuncio é uma das três filosofias que moldaram o pensamento chinês, ao lado do budismo e do taoísmo. Apesar de sua importância na sociedade chinesa com seus respectivos reflexos nas artes marciais, é uma das filosofias menos conhecidas por nós brasileiros, especialmente pelos praticantes de artes orientais.
A finalidade deste artigo é tentar esclarecer os pontos básicos do confuncionismo, bem como sua inegável influência na conduta do artista marcial.
História
Confuncio é o nome latinizado do filósofo Kunf fu Tzu, nascido na cidade montanhosa de Chu Fu, na província de Lu, hoje cidade de Shantung, em 551 A.C.
Pouco se sabe sobre sua infância, tendo perdido o pai muito jovem e sido criado pela mãe. Aluno estudioso e muito bondoso, se saiu muito bem nos estudos e era querido pelos professores. Aos 17 anos ocupou um emprego junto a corte imperial. Tendo se destacado nessa função e captado a atenção e admiração de todos, foi nomeado Inspetor Geral dos Campos e Rebanhos do Imperador, onde foi novamente exemplo de conduta impecável. Aos 19 anos casou-se e teve um filho, K’ung Li, em 531 A.C. Com 22 anos já possuía uma considerável fama de erudito, o que atraiu inúmeros admiradores. Porem só iniciou seus trabalhos filosóficos em 529 A.C. durante o luto de três anos pela morte de sua mãe. Nesse intervalo de tempo, traduziu e comentou os cinco livros sagrados chineses, entre eles o I Ching, o Livro das Transmutações, obra máxima das artes marciais, e instruiu-se nas artes e ciências do seu tempo.
Findo esse período, saiu a fazer reuniões e pregar suas idéias de administração e vida em sociedade. Morreu em sua casa em Chu Fu, em 479 A.C.
A Filosofia
Seu pensamento era racional, direto e prático, onde não havia lugar para fadas, seres espirituais, paraíso ou condenação eterna. Seu principal ensinamento era a piedade filial; o amor e o respeito pelos pais e todos os seres humanos.
Achava que todos deveriam trabalhar pela sociedade humana sem esperar recompensas, mas apenas pelo prazer de construir uma humanidade melhor. As bases da mente e do corpo seriam o trabalho e o conhecimento, apoiados numa reta conduta, com uma moral adequada. A disciplina seria a base do caráter, necessária para a obtenção das qualidades do Homem Superior, perfeito nos seus pensamentos e ações.
Indicava como deveres humanos: o dever para consigo mesmo, para com a sociedade e para com a humanidade.
As Artes Marciais
Sua maior influencia nas artes marciais foi o espírito de hierarquia, onde o mestre é o topo da cadeia, seguindo pelos alunos em ordem decrescente de tempo de treinamento, finalizando com os noviços. Essa idéia hierárquica em que se baseava podia ser aplicada a tudo: do governo a família, sendo algo natural.
Podemos citar também sua preocupação com a correta conduta, sempre presente nos lemas e juramentos de academias bem como a importância dada ao serviço prestado para a sociedade. Um professor de Kunf Fu estilo Yau Man, disse certa vez em uma roda de professores de artes marciais que sua arte tinha três propósitos: em primeiro lugar, a saúde do praticante; em segundo, a integração e ajuda a sociedade e em terceiro a auto defesa. Tudo sempre com a rígida disciplina e moral comum a todas as artes marciais.
Os preceitos desse filósofo de há muito desaparecido nos soam bastante familiares, mas quantas vezes nós os seguimos?
Não devemos nos esquecer de que as filosofias das artes marciais fazem parte indivisível destas, e foram feitas para serem usadas até mesmo (e principalmente!) fora das academias.
Usemos o significado do termo japonês DO e façamos de nossa arte marcial uma arte para a vida.
- “O que o homem superior procura esta em si mesmo; o que o homem inferior procura esta nos outros.”
- “A virtude não fica nunca sozinha. Aquele que a pratica não pode deixar de ter bons amigos.”
- “Ver o que é bom e não faze-lo é uma falta de virtude.”
Confuncio